a vida depois da vida / eco em museu / canção-vitória / letra empoada / melhor que nada / é memória

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Transbordo

Estação de Entre-Gentes

À entrada da rua com nome de flor está um marco postado pelo Senado de Lisboa. Vinca o termo da capital na qual os que agora e aqui passam fazem vida, sem vagar para atentar num traço antigo, que não se vê. Os que vão e vêm por este caminho que já não é real, ou pelo caminho férreo, os que cruzam bairros nascidos sobre searas e olivais, esses vivem agora e aqui outros traços. São gente que apanha o comboio em Queluz-Belas, ou em Agualva-Cacém, gente que não lamenta horário trabalhador-estudantil, gente que preferia não ir ao Hospital Amadora-Sintra, gente que troca de metro na Baixa-Chiado, que regressa demasiado depressa pelo IC-19, gente que não se entende no seu modo luso-afro-sino-russo-brasileiro. Gente na corda bamba da urbanidade - que faz cidade entre esta estação e a que se lhe seguirá.

[Não costumo republicar o que escrevo noutras paragens (no caso, um post-encomenda para o Corta-Fitas), mas esta composição cheia de traços foi feita em espírito de lugar. Por isso aqui fica.]