Todas as vidas são mitificáveis. Vejamos-me. Se estivesse guardada para grandes coisas*, podia ser objecto de um perfil apologético que começasse naquela foto do baptizado em que mergulho as mãozinhas infantis na água benta. Porém, mais tarde ou mais cedo, um biógrafo menos parcial poderia, segundo observação atenta e desapaixonada do documento, apontar o facto de a mãozinha abençoada ter sido a direita, e eu ser indiscutivelmente canhota.
*Um colega de escola do meu pai, optimista entre optimistas, repetia aos rapazes da classe, em antecipação excitada do futuro, estamos guardados para grandes coisas.
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