Devo tê-la visto muitas vezes. Agora, claro, parece-me outra pessoa. Achava-a nada simpática, com pinta de rapariguinha do shopping, ar enfadado e pouca vontade de trabalhar. No cais, uma passageira conversadeira, para desenjoar da espera pelo nosso autocarro, começou por se me lamentar do milésimo desconto a sofrer no salário. A meio do rosário cansou-se, mudou de assunto e apontou com o queixo para o guichet; que a moça, coitada, ai, foi um escândalo, só há dias substituíram a porta aberta pela cabine de segurança, dois malandros assaltaram a bilheteira e ela não lhes quis dar o cofre-portátil, esteve à morte, passou o Natal no hospital, e não é que já aí está outra vez, faz o que tem a fazer como se não tivesse sido nada?
Encavei, mais uma vez, o justo valor das minhas primeiras impressões.
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