Enchem-me de nervos (os médicos amam esta expressão) as pessoas que usam a asneira fraca. Ao contrário, o palavrão, quando utilizado por um ente civilizado e frugal, é forma muito eficaz de impedir actos materiais de violência contra pessoas e bens. Como desde o princípio dos tempos há quem utilize o palavrão para fins menos benignos (por exemplo, como forma muito eficaz de acicatar actos materiais de violência contra pessoas e bens), o asneiredo é mal visto. Sobretudo se saído de uma boca fêmea - se rapariga é uma peixeira, se mulher é uma camionista. Podia arrolar aqui os mais dispensáveis casos de vernáculo mole (com presença confirmada do pôssas! e do canudo!), mas prefiro partilhar um caso da vida, que sempre tem um fundo exemplar, ao fazer crer que o palavrinho é danoso à saúde.
Na empresa em que um meu amigo contabilista trabalhou havia uma colega muito paciente, muito doce, muito bem-educada, que - claro - não fazia conversa de caserna. Chegou uma daquelas semanas em que as coisas correm muito mal a toda a gente, e ela não foi excepção. A princípio andou muito vermelha e com dores de cabeça. Na quarta-feira chorou. No dia seguinte, a meio da tarde, não aguentou mais: levantou-se da cadeira, cerrou punhos contra o tampo da mesa, susteve por segundos a respiração e, fora de si, soprou audivelmente
- CAAAAA…QUINHA !!!!!!!!!!!!!!.
Como não podia dizer nada pior, desenvolveu gastrite.
Epílogo - Esta história é verídica, e ainda por cima passou-se mais ou menos assim . Não posso deixar de dizer que, enquanto os outros colegas riam, o meu amigo, exasperado com tanto pudor vernacular, disse-lhe, um bocado alto
- NÃO É CAQUINHA, É MERDA, PÁ!.
Não sei se se falam, mas o meu amigo é a cara chapada do bem-estar.
1 comentário:
Sim senhora, fica agendada!
Enviar um comentário