Guardo, do fim das Jornadas*, uma imagem e um breve plano. Era já de noite, os milhares já tinham quase todos debandado. Os microfones ainda transmitiam o 'Ave' de Fátima e o Nuno Bragança, num dos incontíveis ataques de riso dele, mostrou-me o Luís de Sousa Costa e o M. S. Lourenço, que, no meio do recinto, dançavam ao som do hino. Um pouco atrás, o Doutor Rodrigues**, olhando a cena, murmurou entre dentes, com tom cortante: "Sempre a mesma gente...". Éramo-lo e fômo-lo. Mas nunca me senti tão perto de Deus e tão certo da Sua Presença.
João Bénard da Costa ( Nós, Os Vencidos do Catolicismo, p.46) 2003.
* Da Juventude Universitária Católica, ou JUC, acontecidas em Fátima no início de 1958.
** Cónego António dos Reis Rodrigues, assistente da JUC.
* Da Juventude Universitária Católica, ou JUC, acontecidas em Fátima no início de 1958.
** Cónego António dos Reis Rodrigues, assistente da JUC.
A primeira figura que me ocorre quando penso em Bénard da Costa não é a de um realizador como Nicholas Ray, é a de um filósofo como Emmanuel Mounier. A minha geração de católicos - a da imensa minoria, podemos dizê-la assim, como no lema radiofónico de uma bela estação dos anos noventa - nascida num mundo secularizado, inorgânico, conflituoso, é outra gente, bem diferente dessa que, partindo do não-conformismo e do personalismo, se buscou a si mesma e a Deus numa aventura bastante empenhada e corajosa. Que resultou em respostas muito diferentes, entre as quais se contaram várias perdas para a Igreja. Atomizados e um pouco inseguros do nosso papel, vamos crescendo a tentar entender o nosso tempo e a escolher o nosso modo. Talvez gente não tão diferente, afinal.
2 comentários:
Muito obrigado por este post, Ana Cláudia.
Eu é que te agradeço a atenção, Rui. Um abraço.
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