Isto d'O Código Da Vinci até agora só me tinha provocado soninho, mas à hora do almoço passei os olhos pelas notícias e estava a ser entrevistada, à boca de certa bilheteira de cinema, uma nortenha de vinte e tal anos, morfótipo urbano, boa articulação verbal, que após ter respondido afirmativamente à questão da leitura prévia do referido livro de Dan Brown, acrescentou qualquer coisa como:
- Passei a ver A Última Ceia [suponho que se referia ao famoso quadro, mas poderia ser ao famoso evento] de forma completamente diferente!
Ena. Uau. Iupi. Nem quero pensar no que mais vai para aí. Mas o que é que leva uma pessoa medianamente inteligente a convencer-se que uma obra de ficção detém a verdade maiúscula sobre um processo histórico de séculos? Nostalgia do raconto? Pensamento mágico? Preguicinha?
- Passei a ver A Última Ceia [suponho que se referia ao famoso quadro, mas poderia ser ao famoso evento] de forma completamente diferente!
Ena. Uau. Iupi. Nem quero pensar no que mais vai para aí. Mas o que é que leva uma pessoa medianamente inteligente a convencer-se que uma obra de ficção detém a verdade maiúscula sobre um processo histórico de séculos? Nostalgia do raconto? Pensamento mágico? Preguicinha?
7 comentários:
Não fales em maiúscula que só me lembro do "V" :) :)
Um assunto que quem todinho nos Livros há tantos anos....
Se queres que te diga, são duas razões mas pode ser "dois em um":
falta de Fé e/ ou poucos conhecimentos de História.
"que vem"
Miss P., discordo e concordo:
1.Discordo, porque a confusão entre ficção e conhecimento científico (de que "O Código Da Vinci" tem sido o mais recente objecto) não deriva da abundância ou falta de fé, já que a fé não substitui nem exclui a razão, e sim da falta de critério intelectual. Não lembra ao mais convicto ateu com dois dedos de testa ler um romance contemporâneo como se de uma fonte de História da Antiguidade ou de uma obra historiográfica sobre a Idade Média se tratasse.
2. Concordo, quando aludes ao desconhecimento que a maior parte das pessoas tem dos livros sagrados do cristianismo, já para não falar de documento pontifícios, ou livros sagrados de outras religiões. Se este livro de ficção causa tanto sururu é irónica e precisamente porque o catolicismo transporta um legado que importa lembrar: dos vários cristianismos, o catolicismo foi dos que mais retardou o acesso do comum crentes ao estudo directo dos textos sagrados, bem como à sua contextualização exegética e histórica.
Como católica, tenho pena que a hierarquia esteja a ter uma atitude tão defensiva, quando poderia aproveitar a oportunidade para sublinhar a evidência de que ficção é ficção, óptimo, outra coisa é o conhecimento científico até hoje produzido, e aproveitar a maré para desafiar as pessoas, sobretudo os crentes, a lerem a Bíblia e textos críticos sobre ela existentes, para lerem um pouco sobre História da Religião, para reflectirem sem simplismos.
Porque o que se prova sem sombra de dúvida é que curiosidade não falta por aí, não é?
Beijitos, volta sempre
A senhora passou a ver a Ultima Ceia de uma forma diferente porque depois de ler o livro percebeu que afinal o quadro não existia só em réplicas manhosas de calendário.
Minha querida Ana Cláudia,
Gostei muito do teu concordo e discordo, mas nestas coisas de Fé, sou completamente básica: nunca a desafio.
É certinha e clarinha como água.
:)
Beijitos
tenho o computador avariado e pode desligar-se a qq momento, de forma que o comentário fica assim.
Cláudia, concordo contigo. Mas neste caso trata-se de má História, má ficção e má «espiritualidade».
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