a vida depois da vida / eco em museu / canção-vitória / letra empoada / melhor que nada / é memória

sábado, 11 de fevereiro de 2006

Queluz, Rua Paulo Reis Gil

Um aniversário, duas bandeiras, três homenagens. Carne, osso e alma. Não nascemos nem morremos sozinhos. Hoje fui feliz.


[por todas as razões e mais uma]

"O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e lhe chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro"


Ruy Belo, Portugal Futuro, in Homem de Palavra[s], 1969.


3 comentários:

Cláudia [ACV] disse...

Estes são o username (sim, consegui traduzir)e o comentário (não sei se consegui interpretar) mais enigmáticos alguma vez registados no QC.

Um Vicente disse...

De facto o autor merece um prémio especial do teu blog. Cacauete carpideiro??? Sólon??? Que ganda maluco!!!

Cláudia [ACV] disse...

A princípio traduzi por "aproveitador de amendoins", mas depois - São Google nos valha - descobri que os vocábulos designam "quem por compulsão critica", ou "quem por hábito aponta erro". Uma palavra grega, a outra latina.