[Spoiler Alert: Tinha acabado de almoçar quando fui uma das infelizes testemunhas do que abaixo se descreve. Se estiverem a desmoer alguma coisa não leiam já este post, vão passear e depois voltem, ok?]
O interior do planeta é povoado por excêntricos, verdade, porém duvido que algum venha a campear sobre o terráqueo que às catorze horas e cinquenta e oito minutos do ameno dia de ontem encontrei na sua órbita. Revivendo o evento, subo ligeira desde a rotunda de Entrecampos, olhando os passantes e pensando em microfilmes e jornais. Abrando à aproximação da passadeira da Prof. Aníbal Bettencourt. Carrinha rua abaixo. Do lado de lá, a meio da calçada que conduz ao jardim da entrada, um saquitel desportivo.
'Estranho, a malta já deixa a tralha no meio da rua.'
Carro rua abaixo.
'Que raio?'
Encostado ao ecoponto, rente ao chão, um vulto.
'Mau'
Caminho livre. Olho em frente. Não computo a cena. Atravesso a passadeira.
'Não'
Corrijo a marcha alguns graus para a direita.
'Não'
Passo rente à berma da estrada.
'Não'
'Sim'
Sob a luz clara de Inverno, a que é só tem o céu de Lisboa, um indívíduo de aparência insuspeita soergue o braço à boca do contentor azul. Acaba de obrar. De arrear o calhau. De cagar. Dois cafés, um parque de estacionamento e um imenso jardim com arbustos. Nada disso, ali no meio da rua é que é. Calceta pelo tornozelo e toca a escrever uma carta aberta ao Salazar.
Em papel reciclado.
O interior do planeta é povoado por excêntricos, verdade, porém duvido que algum venha a campear sobre o terráqueo que às catorze horas e cinquenta e oito minutos do ameno dia de ontem encontrei na sua órbita. Revivendo o evento, subo ligeira desde a rotunda de Entrecampos, olhando os passantes e pensando em microfilmes e jornais. Abrando à aproximação da passadeira da Prof. Aníbal Bettencourt. Carrinha rua abaixo. Do lado de lá, a meio da calçada que conduz ao jardim da entrada, um saquitel desportivo.
'Estranho, a malta já deixa a tralha no meio da rua.'
Carro rua abaixo.
'Que raio?'
Encostado ao ecoponto, rente ao chão, um vulto.
'Mau'
Caminho livre. Olho em frente. Não computo a cena. Atravesso a passadeira.
'Não'
Corrijo a marcha alguns graus para a direita.
'Não'
Passo rente à berma da estrada.
'Não'
'Sim'
Sob a luz clara de Inverno, a que é só tem o céu de Lisboa, um indívíduo de aparência insuspeita soergue o braço à boca do contentor azul. Acaba de obrar. De arrear o calhau. De cagar. Dois cafés, um parque de estacionamento e um imenso jardim com arbustos. Nada disso, ali no meio da rua é que é. Calceta pelo tornozelo e toca a escrever uma carta aberta ao Salazar.
Em papel reciclado.
7 comentários:
se calhar era um membro da família indigente, ex-meliante, que, espoliado das suas instalações sanitárias, teve de descer duas avenidas para arrear o calhau.
"Das Catacumbas de Santa Maria ao Passeio do Campo Grande". Lindo. Garfanho, pá. Lindo. O potencial socio-psico-fisiológico que isto encerra. Lindo.
não sei que diga. estava a lanchar enquanto li o post.. x)
Eu avisei, Elise! Isso agora só vai ao lugar com mais bule de chazinho...:)
Ao lado do ecoponto? à tarde?
Realmente...
Amanhã diga alguma coisa.
Bjs
Na passagem. Na calçada. Mesmo à frente do contentor de papelão. Dá para acreditar?
[Combinado :)]
Javardice.
Amanhã tenho que fazer a difusão do amigo do povo pela galáxia :)
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