Com a instauração da República apenas caducou o carácter hereditário do cargo (praticamente ornamental) de chefe de Estado. Quanto à selecção das restantes figuras que detém os níveis intermédios do poder governativo continuamos a ser uma plutocracia eivada de nepotismo, a meio caminho entre a equidade social da República de Veneza e da República do Haiti.
Entretanto, alguns dos mais democráticos países do mundo continuam sendo monarquias: Bélgica, Reino Unido, Países Baixos, Dinamarca, Suécia, Noruega...
Pedro(as boas vindas estão no comentário acima), parece-me o seguinte:
1. A maior parte dos pró-monarquicos valoriza a hereditariedade na representação máxima do Estado-Nação; assim, para estes, uma Família Real assegura o depósito e a transmissão de legado ancestral de um dado país. Para mim, tal lógica conflitua de forma inconciliável com o princípio (civil e religioso, o meu caso) de que nascemos todos iguais. Mau grado todas as vantagens e desvantagens fisiológicas, económicas e culturais que tenhamos que enfrentar, pelo menos à partida valemos todos o mesmo perante o Estado. Temos o resto da vida para nos construírmos, para enfrentarmos como pudermos o que nos aparecer por diante. Consagrar pessoas cidadãos excepcionais, porque pertencentes a determinada família, com direito a determinada renda, a determinado território, a determinado título e a determinada função (mais ou menos)vitalícia é inaceitável.
2. Falas em exemplos positivos, em países que adoptaram modelos de monarquia constitucional. Como sabes, nem todas as monarquias deste mundo são simplesmente "ornamentais" ;há-as também, religiosas,étnicas,bélicas ...estão nos antípodas dos exemplos que referes mas também podem ser invocadas; assim sendo, também eu poderia invocar a França, a Suíça, os Estados Unidos como exemplos favoráveis, ignorando umas quantas repúblicas africanas e sul-americanas...
3. A inexistência de monarquia em Portugal não faz do país o Paraíso na Terra,está bom de ver. Mas afasta mais uma forma de desiguldade, entre as tantas com que temos de nos preocupar.
4 comentários:
Muito bonito. Onde é que assino?
A nossa sorte é que alguém já assinou, Frank.
Com a instauração da República apenas caducou o carácter hereditário do cargo (praticamente ornamental) de chefe de Estado. Quanto à selecção das restantes figuras que detém os níveis intermédios do poder governativo continuamos a ser uma plutocracia eivada de nepotismo, a meio caminho entre a equidade social da República de Veneza e da República do Haiti.
Entretanto, alguns dos mais democráticos países do mundo continuam sendo monarquias: Bélgica, Reino Unido, Países Baixos, Dinamarca, Suécia, Noruega...
Pedro(as boas vindas estão no comentário acima), parece-me o seguinte:
1. A maior parte dos pró-monarquicos valoriza a hereditariedade na representação máxima do Estado-Nação; assim, para estes, uma Família Real assegura o depósito e a transmissão de legado ancestral de um dado país. Para mim, tal lógica conflitua de forma inconciliável com o princípio (civil e religioso, o meu caso) de que nascemos todos iguais. Mau grado todas as vantagens e desvantagens fisiológicas, económicas e culturais que tenhamos que enfrentar, pelo menos à partida valemos todos o mesmo perante o Estado. Temos o resto da vida para nos construírmos, para enfrentarmos como pudermos o que nos aparecer por diante. Consagrar pessoas cidadãos excepcionais, porque pertencentes a determinada família, com direito a determinada renda, a determinado território, a determinado título e a determinada função (mais ou menos)vitalícia é inaceitável.
2. Falas em exemplos positivos, em países que adoptaram modelos de monarquia constitucional. Como sabes, nem todas as monarquias deste mundo são simplesmente "ornamentais" ;há-as também, religiosas,étnicas,bélicas ...estão nos antípodas dos exemplos que referes mas também podem ser invocadas; assim sendo, também eu poderia invocar a França, a Suíça, os Estados Unidos como exemplos favoráveis, ignorando umas quantas repúblicas africanas e sul-americanas...
3. A inexistência de monarquia em Portugal não faz do país o Paraíso na Terra,está bom de ver. Mas afasta mais uma forma de desiguldade, entre as tantas com que temos de nos preocupar.
Um abraço,
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