O último documento de hoje. Cheira ao pó acamado em setenta e quatro anos, quatro meses e cinco dias. De todas as datas do mundo, acontecer neste dia. Perplexa, leio o requerimento de um jovem homem que, como eu, é português; que, como eu, tem vinte e sete anos; que, como eu, estuda outro tempo. O último documento de hoje é o seu pedido de autorização à leitura dos papéis que neste exacto momento seguro com a mão esquerda. Ao canto, em cima, a tinta permanente, negam-lhe autorização para ler o que neste exacto momento seguro com a mão esquerda. A tinta permanente não; a tinta.
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