Marc Bloch, Apologie pour l’histoire ou Métier d’historien, 1949 (ed. post.)
O Professor participava agora no último esforço da Campagne du Nord. Lá estava, apesar de seu crónico reumatismo e 54 anos de idade, como tinha estado aos 28 na Grande Guerra. A marcha da 19ª do Panzer Korps, de Abeville a Boulogne, de Calais a Dunkerque, não pôde ser evitada. A 2 de Julho Pétain assinaria o Armistício com o Reich. Alguns meses depois, não fosse o seu prestigiado estatuto académico, a origem judaica da família Bloch ditaria a sua exclusão do mundo universitário e exoneração da função pública. Vichy permitiu-lhe recolocação em Estrasburgo, primeiro, e em Clermont-Ferrand e Montpellier, depois. Entre o Armistício e Setembro escreveu um testemunho que não quis ver publicado antes da libertação da França. Acreditava e trabalhava para essa libertação. Enquanto sua mulher, Simmone, recuperava de doença na amenidade do Midi, trabalhou na Universidade de Montpellier e iniciou contacto com vários grupos resistentes. Teve a oportunidade de seguir para os Estados Unidos com Simmone e os filhos mais novos, mas recusou-se a deixar os rapazes maiores e sua mãe, ainda viva. Em 1943 passou à clandestinidade: tornou-se membro do Directório Regional da Resistência Unida, em Lyon, e como “Chevreuse”, “Arpajon” e “Narbonne” ajudou à constituição de grupos de libertação nos 10 departamentos que dependiam do directório a que pertencia. A 8 de Março de 1944 foi preso. Durante os três meses seguintes a Gestapo interrogou-o e torturou-o. A 16 de Junho seguiu com outros companheiros para Saint-Didier-de-Formans, onde foi fuzilado.
O manuscrito L’Étrange Defaite esteve desde 1940 ao cuidado do Dr. Canque, no subúrbios de Clermont-Ferrand e em Orcine, depositado por um companheiro do grupo clandestino Franc-Tireur, Philippe Arbos. Sobreviveu ao lixo a que foi votado por militares alemães, ao zelo colaboracionista da polícia e ao enterramento prolongado num jardim. Após a libertação foi entregue à família do historiador, sendo publicado em 1946.
Nada angustia como saber que há quem tenha morrido pelo que temos sem se saber vitorioso.
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