a vida depois da vida / eco em museu / canção-vitória / letra empoada / melhor que nada / é memória

quarta-feira, 6 de abril de 2005

Operação Georgette II

O estado das tropas do CEP era de tal forma aflitivo que os britânicos decidiram fazer a força lusa recuar da linha da frente de batalha. Das duas divisões que a compunham, a 1ª ficaria na rectaguarda, de reserva e pronta a render a 2ª. Esta haveria de ser incorporada no 11th Corps do British Army, sob comando do General Hacking. O general tomara tal decisão após uma visita às tropas, marcando a data de 9 de Abril para o efeito. O sector luso tinha 22 000 homens e 88 peças de artilharia. Sem o saberem, enfrentariam daí a dias o 6º Exército Germânico, que movimentava para o local oito divisões com 100 000 soldados, providos de centenas de peças de artilharia, ligeira e pesada. E novas armas. Químicas.
No meio de tantos, um certo jovem inglês ali estava; havia deixado Lisboa e a casa do seu tio em 1916, rumando a Londres num vapor para responder ao draft. Cinco anos após a sua chegada do Transvaal, Frank fizera sua a casa da Rua Marquês de Fronteira; o Engº. Giles, alto executivo da Carris, acomodara-o da melhor forma, apresentado-o de imediato à colónia anglo-saxónica e cristã reformada da cidade, bem como ao seu pequeno círculo de amizades lusas. Em 1912, pouco tempo depois de começar frequentar a Associação Cristã da Mocidade local (a segunda congénere da YMCA em Portugal, fundada depois da do Porto), Frank Giles sugeriu à direcção da associação a criação de um grupo de boy-scouts, novidade entusiasticamente acolhida. Ao início não falava uma palavra de português, pelo que para levar a empreitada a bom termo contou com Ernesto de Sousa, seu futuro bom amigo. No meio de tantos, Eric Franklin Giles sabia de onde eram os estrangeiros morenos, já percebia o que diziam, conhecia as suas palavras. Esperava, com força, sair da lama francesa e voltar para perto de outro rio que não o Lys. Para perto do Tamisa, ou do Tejo. Para uma Primavera que não aquela.


Sem comentários: