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quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Conservação e Restauro

Com sessenta e seis anos, assisto neste dia gelado às comemorações do 9º Centenário de Portugal. Sempre é verdade: com a idade, a pessoa passa a comover-se por tudo e por nada, e o nada é neste caso a recente tradição de se cantar o hino da Restauração a capella.
Na sua IV República, o país está perto de largar a vergonha de ser como é. Espanta-me como tudo parece já normal; ainda não passaram vinte anos desde que o grupo de políticos, jornalistas e cidadãos mais ou menos desconhecidos se montou no mito dos "quarenta conjurados" e convenceu os eleitores a mudar de governo, em favor da Nova Constituição. A coisa dos 40 Lusos pegou, para espanto de todos os analistas (descontando os d' O Faccioso). Continuamos democratas, passámos a presidencialistas; continuamos periféricos, mas somos high-key atlantists; continuamos diletantes, mas fazemos agora gala do nosso pragmatismo afonsino.
Quem diria que o casamento entre uma leonesa e um borgonhês ia dar nisto?

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