Anteontem fiquei quase uma hora na bicha (bichabichabicha, não sei dizer fila) e no breu dentro do túnel da João XXI. Sou muito paciente e pouco dada à claustrofobia, por isso não tenho a certeza da razão pela qual fiquei tão angustiada. Nem os gaiatos que no carro atrás do meu saltaram para o tejadilho em exótica pausa para fumo aliviaram a situação. Provavelmente foi de ali ao de baixo me ocorrer a dona Paula, viúva do senhor Matos relojoeiro, uma das nossas vizinhas mais antigas. Anos de contacto próximo, memórias africanas, fotos de netos e bisnetos, e também algumas tensões por conta de avisos recentes à família por causa do filho doente deixado ao cuidado da octogenária. A mesma família que não informou quem quer que fosse da morte desta, parece que há um mês. Naquele párarranca esta triste maneira de viver a vida e morte também me fez lembrar a Maya, há uns dias na televisão, pintada e estofada numa cadeira frente ao Daniel Oliveira, a resumir toda uma visão do culto dos mortos assim:
- Não gosto de ir a funerais.
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